Na nova série do blog That Good Trip sobre Trabalhos no Exterior eu vou contar sobre várias oportunidades, remuneradas (ou não) em dinheiro ou em troca de alimentação e hospedagem, no mundo todo. O primeiro tema da série será sobre voluntariado na África. Um trabalho no exterior é muito enriquecedor não só para o currículo, mas também para a vida. A vantagem é que você pode aproveitar e também fazer turismo na região onde estiver trabalhando. Tentador, não?
Começamos contando sobre a experiência de voluntariado na África da Lucila Runnacles. Essa jornalista, viajante e aventureira já morou em Londres, Torino, Madrid (onde a conheci) e atualmente vive em Buenos Aires. Ela adora descobrir destinos inusitados e conta tudo no blog Viagem Cult.
A Lucila passou 4 meses fazendo voluntariado em Lichinga (Moçambique) na ONG Estamos e também deu aulas de inglês numa escolinha. Entre suas responsabilidades estavam estruturar a parte de imprensa e as redes sociais dessa instituição que lida com temas como o apoio à mulher moçambicana, prevenção de doenças, trabalho comunitário, entre outras.
Ela, como eu, tem uma lista enorme de coisas pra fazer antes de morrer (a chamada Bucket List) e esse era um item que agora já pode ser riscado. A blogueira conta nessa entrevista ao That Good Trip todos os detalhes para que você também possa aliar o turismo ao voluntariado nas suas viagens.
– O que é preciso levar em consideração ao escolher um destino e principalmente uma fundação para fazer um programa de voluntariado?
É importante saber que tipo de voluntariado a pessoa está procurando, quais são as suas habilidades e ver uma ONG que se encaixe com esse perfil. Acho muito importante escolher um destino onde o viajante fale bem o idioma. É super legal conversar com os locais, com as crianças, adultos, etc, e entender o dia a dia deles. Falar o mesmo idioma facilita muito. Caso você não saiba essa língua, um curso prévio também pode ajudar. Vale o esforço!
– Quais as principais dificuldades que você encontrou pra escolher a fundação em que trabalhou? E quais dificuldades enfrentou para realizar o seu trabalho?
Antes de conseguir o voluntariado na Estamos enviei vários emails para outras ONGs mas nenhuma me pareceu tão séria e interessada como a de Moçambique. Além disso, eles gostaram do meu perfil de jornalista. Acho que isso também ajudou. Na verdade, não tive nenhum problema ou obstáculo para fazer o trabalho em Lichinga, norte de Moçambique, todos estavam super abertos ao que eu tinha para ensinar e eu também aprendi muito com eles. Como lá eles também falam português, a comunicação era fluida e tranquila.
– Por quais despesas é aceitável que o voluntário pague ao realizar um programa de voluntariado? O que as fundações costumam oferecer para facilitar a vinda de voluntários?
Cada ONG tem a sua política de voluntários: algumas pagam as despesas da viagem, outras dão alimentação e alojamento, enquanto outras não arcam com nenhuma despesa. Tudo depende do que o voluntário deseja e pode gastar. No meu caso, eu arquei com todas as despesas da viagem, seguro médico (que nunca precisei usar), mas eles me davam alojamento e jantar todos os dias.
Acho que cada caso é único e tudo é uma questão de acertar antes de começar. Esse é um conselho que dou, acertar até os mínimos detalhes com a ONG antes de fechar qualquer acordo, para evitar problemas futuros.
– Quanto tempo costuma durar um programa assim?
Existem voluntariados de dias, semanas, outros de meses e alguns que duram o ano todo. Se possível, aconselho que o trabalho dure no mínimo 4 meses, para que possa realmente existir uma troca de conhecimentos e para que a experiência seja válida para ambas as partes. Menos do que isso, não acho recomendável.
– Como foi a sua experiência? E sobre conhecer o país enquanto faz voluntariado, é possível?
Sim, claro. Aliás, essa era uma das minhas prioridades. Durante e depois do voluntariado eu viajei um pouco por Moçambique e depois passei um mês viajando pela Tanzânia, Quênia e África do Sul. A ideia é conhecer a cultura, as pessoas e outras cidades, principalmente se você faz um voluntariado fora do Brasil. Isso é o que eu chamo de volunturismo: turismo + voluntariado.
– Você dá alguma dica para quem queira investir seu tempo sendo voluntário no exterior?
Eu recomendo todo mundo que tem essa vontade de fazer um voluntariado, que faça. Mas não precisa ser em outro país. Sempre tem pessoas precisando de ajuda e outras que adorariam receber um pouco do seu conhecimento até mesmo na sua cidade. A minha dica, de acordo a experiência que eu tive, é ir com muita disposição, mente e coração abertos para dar e receber. Sempre digo que esse tipo de experiência vale pra vida toda. A gente sempre recebe muito mais do que dá quando faz voluntariado!
(Crédito das fotos: Lucila Runnacles)
Você pode conferir outras aventuras da Lucila no blog Viagem Cult e no facebook.com/viagemcult.
Obrigada pelo espaço para divulgar o voluntariado, Suz. Acredito que muita gente tenha essa vontade e não saiba muito bem por onde começar. Sempre digo que muitas vezes não é preciso viajar para ajudar alguém; na nossa rua, no bairro e na nossa cidade com certeza há pessoas que vão adorar receber um apoio. Começar por aí pode ser uma boa! Abração, amiga querida!!
Eu acompanhei você antes, durante e depois e achei sua experiência admirável! Me tocou fundo, tanto que ano passado até junho desse ano fiz meu voluntariado aqui em Madrid na Make-A-Wish, justo por saber que há muito o que se fazer no nosso próprio meio. E isso de contactar as próprias ONGs diretamente é uma baita dica. Parabéns, amiga, e vamos às próximas aventuras 🙂
Você tem uma capacidade incrível de me deixar com vontade de cair no mundo! Adorei MUITO!
Opa! Objetivo alcançado 😉 que bom, obrigada! Cai sim, cai sim. Beijos!