Pouco a pouco vou refazendo minha rotina na cidade. Pelo menos a rotinas dos programas “extra-curriculares”. Me inscrevi em vários grupos que organizam saídas pra dançar diversos ritmos (principalmente tango e salsa), e assim já descolo um exercício noturno pra perder as gorduras acumuladas das festas de fim de ano. Fui ao segundo encontro semanal do couchsurfing, conheci mais gente, revi novas pessoas, já espalhei também que quero fazer mais atividades de montanha esse ano, e conheci os moderadores do grupo de montanhas.
Já estou também dando uma olhadinha em quartos pra me mudar em fevereiro. Estou agora mesmo alugando o quarto do meu amigo colombiano (sim o da viagem pelo Vietnam, Laos e Camboja), que volta na metade do mês que vem. É super bem localizado, em Chueca, do lado da Gran Via, da Calle Fuencarral, é uma maravilha. Mas é carinho e, claro, não tem lugar pra mim. E depois que eu morei na Plaza de San Miguel pagando um valor razoável, eu fiquei viciada em morar no centro de Madrid.
É por os pés em uma cidade grande para os problemas começarem a querer dar o ar da sua graça. Coisas pra comprar, um lugar pra me empadronar (sendo que eu ainda não tenho um fixo) pra eu poder renovar o visto de residência, a busca de um trabalho e de um lar. Hoje pela primeira vez eu lembrei que, há menos de um mês, minha rotina não tinha preocupação alguma. A única preocupação era saber o horário do barco à próxima cidade, e a distância a pé à praia mais bonita do local. Onde eu pudesse simplesmente deitar e ler meu livro. Na hora eu estava me sentindo a mais desocupada, onde já se viu deitar na praia e ler, tipo assim, todos os dias, durante meses? Agora eu lembro da sensação boa de fazer isso, principalmente nessa época bem fria em Madrid. Engraçado….
Estou olhando a lista de coisas que preciso levar pra renovar meu visto de residência e trabalho e quando vejo que é preciso levar a cópia do passaporte até me dá uma tremedeira….como justificar que estive “borboleteando” pela Ásia, enquanto deveria estar aqui mandando currículos e fazendo entrevistas de trabalho? Segundo me disseram, eles nem querem saber sobre isso. Mas qué dá uma angústia dá. Eu sempre tenho essa angústia na hora da decisão, ou melhor, que decidam por mim se eu continuo em Madrid ou devo sair. Até agora, em 5 anos, eu sempre consegui ficar. O destino me faz ficar, e faz com que o sistema me aceite, me renove os papéis, me dê trabalho. Então é chegado o momento de mais um tempo de angústia. Mas segundo todos os meus amigos extrangeiros, não tem porque eles não aceitarem a minha documentação. E eu acredito muito nos meus amigos! 🙂