Viajar é uma das coisas que mais me faz feliz nessa vida. E como a gente trata algo que nos acrescenta tanto? Dando a atenção que merece. Não adianta esperar chegar o próximo feriado pra decidir um dia antes o que vai fazer. Mas como escolher um destino de viagem? É preciso pesquisar, ver preços de transporte e hospedagem no local, ver se é a melhor época pra ir segundo a previsão meteorológica, fazer um levantamento de custos e ver quem topa ir nessa aventura contigo – ou se programar pra ir sozinho. Lugares para viajar há aos montes mas, como se vê, não é simples e não é fácil se organizar pra sair por aí desbravando novos horizontes.
É claro que também dá pra deixar o destino te levar caso você não tenha preferência de onde ir e o objetivo seja simplesmente ir. Nesse caso é mais fácil quando não é preciso reservar hospedagem, como ir pra casa de alguém em outra cidade ou praia, ou quando você vai acampar, já que geralmente os campings têm bastante espaço (a não ser nos grandes feriados nacionais). Ter um veículo próprio facilita nessas horas. Sair sem rumo e de última hora quando se tem que comprar passagem de ônibus, trem ou avião pode significar a ruína financeira ou mesmo um impedimento em caso de passagens esgotadas. E aí você fica em casa em pleno feriado.
Pra quem tem formiga na cadeira como eu, querer viajar e não poder por falta de planejamento é impensável. Uma coisa é escolher ficar em casa pra descansar, outra coisa é ficar porque os preços aumentaram, os hotéis lotaram e acabou a festa. Isso deprime de verdade.
No Brasil estamos atrelados às promoções das companhias aéreas se quisermos fazer o nosso dinheiro render. É uma boa seguir o site Melhores Destinos, já que eles sempre avisam quando há ofertas de vôos. Também é bom estar atentos aos seus amigos viajantes, já que eles sempre dão o alarme de quando há promoções para voar ao exterior (e até erros em sites que resultem em passagens a preços irrisórios). Conheço gente que, quando encontra uma promoção assim, já marca vários vôos até o fim do ano. Pra poder fazer isso é bom ter uma lista de lugares que você quer ir por ordem de prioridade, ou uma bucket list, e quando a promoção chega é só fazer as reservas e ir riscando os destinos da lista.
Quando vim estudar em Madri em 2005, conheci umas meninas no meu Master que também tinham o objetivo de devorar o mundo, começando pela Europa. Fizemos um trato: quem encontrasse vôos por 70 euros ou menos, pra qualquer lugar que fosse, tinha que avisar as outras. Éramos estudantes e por isso o nosso orçamento era mais baixo. E não é que a tática funcionou bem? Fizemos muitas viagens juntas pra Portugal, Holanda, Alemanha, França e fomos até a Romênia, Bulgária, Irlanda e Grécia. São países cujas capitais ou cidades mais importantes podem ser conhecidas em um feriado ou fim de semana mais longo, e bastava pedir um dia livre ou dois no trabalho que conseguíamos ir. Mas é claro, tudo isso pesquisando diariamente e com uns 3 meses de antecedência. Esse tempo é muito importante pra conseguir boas ofertas.
Mas e o destino? Pra quem não conhece nada, não importa a ordem pra desbravar o mundo. O que fazíamos era abrir a lista dos vôos que partiam de Madri nos sites da Ryanair e Easyjet, que são as companhias aéreas low cost mais conhecidas na Europa, víamos pra onde eram os vôos mais baratos e íamos. Os aeroportos na maioria das vezes são bem afastados ou até na cidade ao lado, mas sempre há um ônibus ou trem que te leva à cidade principal. Aerolíneas como a Ryanair não costumam ter boa fama, mas a verdade é que quebram o maior galho se você não faz questão de luxo e um serviço de bordo de primeira classe. Você só quer voar pra chegar mais rápido no seu destino. Tudo na vida é uma questão de orçamento e prioridades, e a minha desde aquela época é fazer o meu dinheiro me levar a mais lugares e por mais tempo. Eu não faço turismo de hotéis, eu faço turismo de lugares, costumes e pessoas.
Outra maneira de escolher um destino é fugir dos mais concorridos em certas épocas do ano como o Natal e Réveillon, a Páscoa, Carnaval e as férias de verão. Ou ir em outro meio de transporte e com outro tipo de acomodação. Os aviões sobem seus preços nessas ocasiões, mas os ônibus não. Carro alugado, caso você não tenha o seu próprio ou não possa ir com os amigos para dividir a gasolina, também é uma boa opção que não sobe os custos. Hotéis sobem seus preços, mas já temos mais opções de busca entre hostais, hotéis, AirBnB, casas de locais e casas de amigos. Tem que ser criativo pra encontrar a melhor solução entre todas as existentes. E tem que ter tempo pra se dedicar a essa busca, claro.
Se o que você quer fazer é ir pra uma festa multitudinária como a Oktoberfest na Alemanha, o Carnaval no Brasil ou o festival de Edimburgo na Inglaterra (pra citar alguns exemplos) é melhor se programar ou então vai pagar caro. É possível ir e não ficar arruinado? Claro que sim.
Além de seguir sua bucket list de destinos e de pessoas pra visitar em outras cidades ou países, há uma outra maneira que eu uso muito pra decidir onde ir que é ver fotos de lugares. Principalmente se as fotos são de amigos meus que foram pra lá. Porque se eles foram, quer dizer que é possível. Se eles já estiveram lá, eu posso pedir dicas em primeira mão, e entrar até em detalhes mais difíceis de cotar como preços de serviços e passeios no lugar. Foi esse o caso quando eu decidi ir pra Turquia. Minha maior vontade de ir pra lá era para voar de parapente numa praia que se chama Oludeniz. Que mesquitas em Estambul que nada, eu queria mesmo era ver aquela vista lá de cima com a praia em 50 tons de azul lá embaixo (Estambul entraria no pacote só que como coadjuvante). E como eu tomei essa decisão? Tomando uma cerveja com uma amiga que não via faz tempo, ela me mostrou as fotos das últimas férias dela e entre elas estavam os pés dela sem tocar o chão e uma praia de areias branquinhas lá embaixo em segundo plano. Aquela imagem me hipnotizou. Perguntei onde era, ela me disse que era no sul da Turquia. Naquele momento a Turquia entrou pra minha lista de próximos destinos e no ano seguinte, junto com uma flatmate, eu embarcava pra uma viagem de 10 dias naquele país. Se eu voei de parapente naquele paraíso? Voei. Mas era caro, não era? Era. 120 dólares, que eu me lembre. Mas eu trabalhei, guardei dinheiro e fui gastá-lo como eu queria, e não há quem me tire da cabeça aquela imagem que tive lá de cima, com meus próprios pés sobrevoando Oludeniz. E depois disso, minha própria foto conquistou outras pessoas que também foram até lá pra viver essa emoção em primeira pessoa – e mandaram as fotos que ilustram esse post. Inesquecível, como toda boa lembrança de viagem deve ser.
Muito bom site.
Obrigada e bem vindo!