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Trabalho voluntário em fazendas orgânicas

By abril 18th, 20196 Comentários
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Estamos com uma nova série sobre Trabalhos no Exterior. Nela eu vou contar sobre várias oportunidades, que incluem ou não remuneração, pra você ter uma experiência enriquecedora para o seu currículo profissional e pessoal. Hoje falaremos do trabalho voluntário em fazendas orgânicas, o chamado WWOOF, sigla para World Wide Opportunities on Organic Farms, que em português significa “oportunidades em todo o mundo em fazendas orgânicas”.

O WWOOF existe no mundo todo com cada vez mais anfitriões cadastrados. Basta você escolher a região e contactar as fazendas dizendo sua data pra saber se eles podem te receber. Paga-se uma pequena anuidade para poder usar a plataforma. Mas eu vou deixar a palavra com a Julia Castro, que deu essa entrevista ao That Good Trip sobre a sua experiência em agosto do ano passado na Eslovênia, onde aprendeu técnicas de produção de sabonetes artesanais, prata coloidal e horticultura.

Conheci a Julia na Croácia, nessas coincidências da vida que te colocam uma carioca bem na sua frente num ônibus cheio de turistas para ir visitar o Parque Nacional de Krka. Durante o dia que passamos juntas ela contou sobre essa e outras aventuras, e ficamos amigas. A Julia é interessada em cursos de permacultura, bioconstrução, é adepta da culinária orgânica/natural e do couchsurfing. Confiram sobre a semana que ela passou trabalhando nessa mini-fazenda da Eslovênia e anime-se também a aliar trabalho com viagem nas suas próximas férias.

Leia também: Como funciona o Workaway?

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– Que critérios você usou para escolher as fazendas às quais enviou uma solicitação para trabalhar?

Eu comecei a planejar meu mochilão e decidi que iria ficar só pela Croácia. Então de início procurei pelos hosts cadastrados da Croácia. Haviam poucas cadastradas e eu fui tentando uma a uma. Algumas me responderam dizendo que não poderiam me receber pois já estavam com lotação de voluntários pra minha data ou que estariam viajando, outras não responderam. Como não consegui nenhuma vaga na Croácia, comecei a procurar no país vizinho, a Eslovênia. Lá tinha bem mais cadastrados. Como estava já nervosa por não ter conseguido nenhum na Croácia, mandei mensagem pra todas ao mesmo tempo. Eram umas 24 e cerca de 9 ou 10 me responderam aceitando.

Um detalhe importante é que em inglês eles falam “farm” cuja tradução é “fazenda”, mas em português essa palavra dá a ideia de que é uma propriedade enorme e com produção grande, mas na verdade tem de tudo. Desde pequenos sítios/chácaras, pequenas ecovilas, vilarejos até fazendas maiores. No geral, a maioria é pra produção familiar ou de um grupo, pra consumo próprio ou pra venda, mas em pequena escala. A maioria dos casos é uma família ou grupo de amigos que moram nesse local, produzem pra subsistência e vendem/trocam o excedente.

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– Como foi o processo de ser contatada por uma fazenda? Quanto tempo demorou? As respostas que você teve foram suficientemente claras ou você precisou fazer contato por outros meios, tipo telefone, Facebook?

Todos os contatos foram através do sistema de mensagem do site. Depois que você é aceito você pode trocar email, facebook, telefone pra ficar mais direto o contato, mas antes não tem essa necessidade. Alguns anfitriões respondem bem rápido, outros nem tanto, talvez por que em alguns lugares a conexão de internet seja mais precária. E os perfis e a comunicação variam muito. Alguns perfis têm descrições detalhadas de todas as atividades que acontecem no lugar, de todas as exigências, do perfil de voluntário buscado, o que eles esperam de você, fotos, etc. Já outros perfis tem poucas informações, poucas fotos ou fotos ruins, ou parecem mais tranquilos, tipo “chega junto” hehehe!

A que eu mais gostei infelizmente não tinha disponibilidade. Foi então que tive que escolher uma entre várias que me responderam empolgadas com a possibilidade da minha ida e isso foi uma tarefa muito difícil. Foi um tiro no escuro. Resumindo, eu escolhi a única propriedade que não tinha nenhuma foto e que só tinha 1 morador (homem, da minha idade), mas por que me conectei bastante com ele nas mensagens e segui meu sexto sentido. Acabei ficando amiga de outra host também da Eslovênia. Ela ficou muito feliz com a possibilidade de eu ir e foi até difícil dizer que não iria mais. Aí ficamos amigas de Facebook e quem sabe não rola outro intercâmbio em outra oportunidade…

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– Por quais despesas você teve que pagar para ir ao lugar de realização do trabalho? O que o seu anfitrião ofereceu em troca do seu trabalho?

Eu paguei pelo transporte até o local que no meu caso foi uma viagem de trem de 1h apenas da capital da Eslovênia até a cidade onde ficava o sítio e custou 5,80 euros (menos de 20 reais). Eu nem ia pra Eslovênia, acabei indo pra ter essa experiência e aproveitei pra conhecer a capital Ljubljana, onde fiz couchsurfing na casa de um outro cara gente fina. Da capital da Croácia (de onde saí) até a capital da Eslovênia arrumei uma carona de graça, então também não gastei com esse transporte. E depois da Eslovênia voltei pra Croácia de ônibus, o que me custou 12 euros (menos de 40 reais).

Em troca da minha ajuda eu tive um local pra dormir e alimentação. E no caso o meu host não comia laticínios, mas logo que me buscou na estação de trem me levou num supermercado, perguntou o que eu gostava, comprou queijo, iogurte, pão e vinho. Não deixou eu pagar nada. Eu nem fazia questão de nada, até se soubesse que ele não comeria o queijo e o iogurte eu diria pra ele que não precisava comprar, mas só fiquei sabendo disso depois quando chegamos em casa. Achei fofo da parte dele!

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– Quanto tempo duram os programas da WWOOF? Quem define isso?

O tempo varia. Em alguns perfis de hosts fica estabelecido um período mínimo, máximo ou desejado. Em outros não tem dizendo nada. Eu quando entrei em contato com os hosts já disse logo o período que eu teria disponibilidade dentro do meu roteiro e disse que tinha em mente a princípio ficar 1 semana. Alguns querem que você fique pelo menos 2, 3 ou 4 semanas, outros são mais flexíveis. Acho que isso é tudo conversável de forma que a sua possibilidade fique em equilíbrio com a possibilidade do host.

– Como foi a sua experiência? E sobre conhecer o país enquanto trabalhou, foi possível?

Eu curti muito. Eu inventei de ir por diversos motivos. Um deles foi que essa viagem pra mim teve um objetivo totalmente espiritual, de busca. E uma das buscas pra mim era conhecer mais da vida natural, aprender mais sobre permacultura de forma prática, conhecer uma cultura nova, trocar ideias e experiências com outras pessoas e também aproveitar pra passar uns dias em um local calmo, com tempo pra pensar na minha vida. Esse último fator influenciou também em eu ter escolhido um sítio pequeno e com apenas 1 morador. O Luka, meu host, era biólogo, assim como eu e me deixou totalmente a vontade. Conversamos muito o tempo todo, ficamos muito amigos, trocamos muita informação, fizemos muitas perguntas um ao outro. Foi uma troca bem rica, tanto pra mim quanto pra ele. Além dele plantar diversas coisas, ele também criava 3 galinhas fofas e fazia alguns trabalhos artesanais pra ajudar nas finanças. Aprendi a fazer sabonete artesanal, prata coloidal e também aprendi a cozinhar com alguns vegetais que não conhecia.

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– Tem alguma dica para quem queira provar essa experiência?

Olha, essa experiência é ótima pra quem não tem frescuras e está aberto a todo tipo de novidades. É uma enxurrada sensorial sem tamanho. Paisagens, cheiros, sons e sabores que o seu corpo nunca experimentou. Você está indo pra um país com uma cultura diferente, conviver com pessoas diferentes, aprender coisas novas. E não é pra aprender só sobre plantação de orgânicos! Creio que é um aprendizado sobre a vida e principalmente sobre si mesmo. Se você está aberto a tudo isso, vá sem medo! Mas não vá esperando o conforto da cidade grande, um quarto amplo e asséptico igual ao de um apartamento e todas as facilidades que a maioria de nós está acostumada (se você é de cidade grande). Esteja preparado pra lidar com bichos, insetos, calor, frio, poeira, barro, chuva e internet precária ou inexistente. Mas esteja também preparado pra talvez descobrir (ou ter a certeza) de que estar em meio a natureza e tão diretamente ligado a ela (colhendo dela o seu alimento com as suas próprias mãos) é onde você quer estar. Talvez sua vida na cidade grande nunca mais seja a mesma! =)

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Todas as fotos: Julia Castro

Veja como funciona o WWOOF e inscreva-se no programa!

Veja também o primeiro post da série sobre a experiência de voluntariado na África da Lucila do blog Viagem Cult.

Suzana

Suzana

Jornalista e travel blogger. Aprende o que o mundo ensina e inspira as pessoas a viajarem. Já morou na Finlândia, já trabalhou na Disney, fez o Caminho Inca e vai como peregrina a Santiago de Compostela frequentemente. Vive atualmente em Madri e continua transformando seus feriados e férias de 23 dias ao ano nos melhores períodos da sua vida.

6 Comentários

  • Rafael disse:

    A resposta da última pergunta é realmente um grande resumo do que é uma experiência de WWOOF! Talvez sua vida na cidade grande nunca mais seja a mesma ou talvez até sua vida não seja mais na cidade grande depois que voltar! 🙂

    Aproveito pra compartilhar também as experiências que eu e minha esposa estamos tendo fazendo WWOOF e também Workaway e HelpX pela Europa: http://www.jornadaviva.com

    Abraços!

  • Carol disse:

    Farei 18 anos em breve e estou com uma vontade imensa de tentar essa experiência no final do ano. Meu nível de inglês é intermediário, essa viagem também iria ampliar o conhecimento na língua. Você recomenda que eu o faça com essa idade?

    • Suzana disse:

      Olá Carol! Com certeza! Você não só vai melhorar o seu inglês, como também poderá aprender outros idiomas 😉 basta ter vontade de aprender e de trabalhar. Eu, com 18 anos, morei um ano na Finlândia e aprendi até finlandês, então te digo com conhecimento de causa. Inscreva-se e depois conta aqui como foi 🙂 Boa sorte!

  • Angelina disse:

    Mas tem que pagar por mês, ano?

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